Como tudo começou...
- umolharpararecomec
- 19 de fev. de 2021
- 2 min de leitura
Era uma sexta-feira à noite, 18 de Outubro de 2019. Eu havia chegado em casa após ir fazer pilates, jantei e lembrei que eu ainda não havia consultado o resultado da biópsia que a minha ginecologista tinha pedido. Eu estava sozinha em casa, meu filho havia ido ficar com o pai.
Eu tinha tido uma semana super agitada e ao receber uma mensagem na quarta-feira do laboratório que meu exame estava pronto, não dei importância. Eu estava ocupada demais para cuidar da minha saúde.
Peguei então meu laptop e acessei o site do laboratório. Quando li na primeira página a palavra adenocarcinoma eu fiquei ali, paralisada olhando para a tela do computador. Eu sabia o que aquela palavra significava.
Depois de alguns minutos minha primeira ação foi pesquisar no Google sobre ela.
Li alguns artigos, algumas informações que foram confirmando o que eu já sabia. O resultado não era nada bom.
Resolvi então mandar a foto do resultado do exame no grupo de whatsapp das minhas irmãs e escrevi algo como: aqui está o resultado do meu exame, deu algo ruim. Enviei e logo em seguida apaguei. Pensei: elas não precisam saber disso agora, não desta forma.
Porém, uma das minhas irmãs foi mais rápida e viu a mensagem e questionou no grupo o que aquilo significava.
Então percebi que eu tinha que contar à elas, afinal isso aconteceria naquele momento ou no dia seguinte.
Trocamos algumas mensagens e minha irmã que mora pertinho da minha casa veio me ver. Estava com os olhos arregalados. Ela havia entendido a extensão do problema.
Conversei com elas um pouco e depois decidimos conversar no dia seguinte. Estava tarde. Mas eu voltei para a internet para continuar lendo e consumi muito conteúdo naquela noite.
Eu precisava saber mais, sobre o câncer, sobre o tratamento, sobre a possibilidade de cura.
Em determinado momento decidi parar e ir para a cama pois estava exausta. Tomei um banho e fui tentar dormir. Mas era impossível.
Fiquei deitada pensando em muitas coisas mas principalmente no meu filho João de 5 anos.
No dia seguinte tentei pensar em outras coisas, mas o dia foi longo, até que no final eu desabei a chorar.
Chorei por pensar que eu ainda tinha muito para viver com o João...
Chorei por lembrar que fui negligente e por quase 3 anos fiquei sem ir fazer os exames de rotina...
Chorei por pensar que estava em uma fase maravilhosa profissionalmente e não sabia como seria depois deste dia...
Chorei porque simplesmente era a única coisa que eu tinha vontade de fazer.
E assim fui madrugada a dentro.
No domingo eu acordei, tomei café da manhã e pensei: agora preciso focar em buscar uma solução.
Sim, você pode me achar fria, racional demais. Eu sou assim mesmo. Analítica, racional e focada na solução e não no problema.
Não sei se isso é bom ou ruim, mas isso não vem ao caso. A questão é que naquele momento eu só pensava em viver e no que eu precisava fazer para conseguir isso.
E foi assim que tive contato com o câncer de colo de útero.



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